domingo, 29 de maio de 2011

Dica nº 1- Manual do Jovem Orientista


1a PARTE - DICAS PARA ORIENTISTAS NOVATOS
Dica no 1: Pratique esporte por interesse pessoal e habilidade natural.

A primeira grande pergunta ao escolhermos um esporte é:
Por quê? – Em nosso caso: Por que ser um orientista? 

Eu acredito que cada pessoa tenha habilidade natural para pelo menos um tipo de esporte. Cada pessoa é diferente, mas possui habilidades específicas que se ajustam a algum esporte em especial. Para os que acreditam que nossa formação acontece por acaso, esta ideia também é válida, devido à grande variedade de genes e infinitas possibilidades. Mas não creio no acaso. Prefiro crer no destino, que pode ser mudado de acordo com nossas escolhas. Não conheci a orientação por acaso, como aparentemente ocorreu, tive a oportunidade de conhecer num momento apropriado. Antes disso tive várias tentativas frustradas com esportes coletivos diversos. Eu até gostava de futebol, mas tinha dificuldade de jogar no meio de garotos maiores. Vôlei e basquete eram um desastre para mim. Com a orientação, identifiquei-me imediatamente e logo nas primeiras atividades tive grande facilidade na prática. 

Nem todos têm facilidade para aprender as técnicas de orientação ou sentem-se bem correndo na floresta, mas isso acontece com frequência entre os orientistas. Eu gosto muito de correr longas distâncias, mas fico muito mais interessado quando faço isso com um mapa na mão, em áreas com terreno e vegetação variados, passando por lindas paisagens sempre. 

Carlos Alberto Alves foi um exemplo de talento natural para corrida de fundo: ele fez 4.000m em seu primeiro teste de 12min (em minha melhor fase de treinamento só cheguei a 3.870m nos 12 min). Depois de passar a ser atleta, entrou para a Força Aérea e ganhou diversas competições nacionais. Em 1976 foi o segundo colocado na prova de 10.000m no Campeonato Mundial Militar de Atletismo, batendo o recorde brasileiro das Forças Armadas, que permanece até hoje. Ele só não teve uma carreira internacional mais expressiva por falta de incentivo, que era difícil de ser conseguido na década de 70, quando estava em seu auge de desempenho. Quando o conheci, no final da década de 80, ele ainda corria muito mais que eu. Certa vez, após ter parado de competir nas pistas de atletismo, foi colocado para treinar com a equipe de orientação. Apesar de ser um atleta dedicado, em um dos treinamentos saiu do mapa e só conseguiu voltar para a chegada duas horas depois. Ele desistiu da orientação pouco tempo depois disso, mas sempre elogiava meus bons resultados nas competições, dizendo que orientação não é tão fácil como corrida de fundo. 

Cada esporte tem suas características próprias, só sendo possível comparar como será nosso desempenho quando experimentamos efetivamente. Muitas pessoas desprezam as oportunidades de praticar esportes, deixando de lado o potencial individual. Outros abandonam o esporte em função da carreira profissional. Nossa carreira profissional ou esportiva depende de nossas habilidades e das escolhas que fazemos, ou seja, das oportunidades que aproveitamos. 

É importante que o esporte seja praticado com prazer: para a grande maioria dos orientistas, a orientação é uma verdadeira paixão. Este é o principal porquê de praticarmos o esporte. Pode haver muitas outras razões secundárias, mas a paixão é como uma centelha interna, que dá início ao processo de sucesso na modalidade. O sucesso efetivo vai depender de nosso grau de comprometimento, de acordo com nossos objetivos. O comprometimento está relacionado ao nível de importância da atividade que realizamos. Para o iniciante é um, para o atleta de elite é outro muito diferente. Esse comprometimento é um forte desejo de atingir um objetivo – um atleta precisa ser determinado e ter uma atitude positiva para completar o trabalho necessário para atingir sua meta. Mas em todas as situações, o orientista trabalha com seu coração e tem uma forte motivação interior – outra definição para essa paixão.
Por João Manoel Franco - Atleta da Categoria Elite (Portugal)

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