quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Como Nasceu a Orientação no Brasil

Como Nasceu a Orientação no Brasil
Sempre se soube que há uma notória necessidade em manter a mente ocupada enquanto se desenvolve uma atividade física. E talvez tenha sido esta lacuna a responsável pela grande aceitação da Orientação, desporto que alia à atividade física a uma intensa atividade mental.

Como muitos outros desportos modernos, que rapidamente se difundiram nos últimos cinquenta anos, a Orientação foi aplicada para solucionar um problema. Ela foi, inicialmente, usada para encorajar os jovens a utilizarem a natureza como meio para o desenvolvimento físico e mental.

Foi o major Ernst Killander, um jovem sueco e líder escoteiro que, em 1918, observando uma vertiginosa queda no número de participantes em corridas rústicas e cross-country em seu país, decidiu usar a própria natureza para motivar a participação nessas competições. A partir daí, passaram a ser organizados os primeiros percursos e as primeiras competições de Orientação. O sucesso desses eventos pioneiros foi tal, que serviram de incentivo à continuação daquele desporto.

Já em 1922 tinha lugar o primeiro Campeonato Distrital na Suécia. As primeiras competições eram muito fáceis e os pontos de controle colocados em acidentes do terreno bastante característicos devido, principalmente, à má qualidade das cartas da época.

A partir de 1935, com o grande aprimoramento das cartas de orientação, o corredor de longas distâncias, que sempre ganhava essas competições, cedeu seu lugar para um atleta mais completo: o orientador, que coloca a aptidão física a serviço de sua capacidade de orientar-se corretamente, ou seja o uso correto da técnica. Naquele ano surgiu a primeira organização sueca destinada a coordenar a organização do Esporte, tal a difusão atingida naquele país.

Em 1937, teve lugar o primeiro campeonato sueco de Orientação, o que fez com que o governo sueco oficializasse essa atividade, introduzindo-a nos currículos escolares, o que efetivou-se em 1942. Em 1961, foi fundada a Federação Internacional de Orientação (IOF), órgão máximo de regulamentação do Esporte, que em 1964 já possuía onze países filiados. O primeiro campeonato mundial de Orientação foi realizado na Finlândia, em 1966.

No Brasil, este Esporte foi introduzido em 1970, com a ida de três observadores ao IV Campeonato do CISM-Conselho Internacional de Esportes Militares, realizado em Alborg na Dinamarca. Em 1971, o Brasil competiu no V Campeonado do CISM, realizado na Noruega. Nos três anos seguintes, a Comissão de Desportos das Forças Armadas organizou Campeonatos de Orientação das Forças Armadas, conhecido depois como CAMORFA, os dois primeiros no Rio de Janeiro e o terceiro em Brasília. O III CAMORFA revestiu-se de grande importância, pois foi realizado pela primeira com a utilização de Cartas de Orientação, o que veio aprimorar sobremaneira o nível técnico dos competidores.

Atualmente, existem já vários Clubes de Orientação, principalmente nos Estados do centro-sul do País, particularmente Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal. Começam a organizar-se entidades no Amazonas, Mato Grosso do Sul, Ceará e demais Estados do Nordeste. A primeira Federação Estadual criada foi a Federação Gaúcha de Orientação, em 1995.

A maior deficiência, a confecção de mapas de orientação, principal empecilho para o desenvolvimento desse esporte no Brasil, é um obstáculo já superado, tendo em vista o grande número de mapeadores já formados com o aval da CBO, alguns inclusive vivendo do profissionalismo que essa atividade tem proporcionado. Está bastante fácil para um Orientador confeccionar uma carta, mesmo sendo leigo na ciência da Cartografia, aprendendo o trabalho de campo, fazendo uso do computador e dos ‘softwares’ existentes para esse fim.

Convém salientar dois aspectos muito peculiares:
Primeiro, a Orientação envolve um grande número de pessoas altamente qualificadas tecnicamente em todos as atividades que envolvem a sua prática: desde a aerofotogrametria, passando pela confecção e atualização da carta até o desenvolvimento técnico do próprio praticante;

Segundo, esse é um dos pouquíssimos esportes onde a maioria dos envolvidos, inclusive os dirigentes, estão no campo, praticando, ao invés de estarem sentados numa arquibancada ou em frente a um televisor, passivamente assistindo.

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