domingo, 22 de março de 2009

Como Nasceu a Orientação no Brasil

Sempre se soube que há uma notória necessidade em manter a mente ocupada enquanto se desenvolve uma atividade física. E talvez tenha sido esta lacuna a responsável pela grande aceitação da Orientação, desporto que alia à atividade física uma intensa atividade mental.

Como muitos outros desportos modernos, que rapidamente se difundiram nos últimos cinqüenta anos, a Orientação foi aplicada para solucionar um problema. Ela foi, inicialmente, usada para encorajar os jovens a utilizarem a natureza como meio para o desenvolvimento físico e mental.

Foi o major Ernst Killander, um jovem sueco e líder escoteiro que, em 1918, observando uma vertiginosa queda no número de participantes em corridas rústicas e cross-country em seu país, decidiu usar a própria natureza para motivar a participação nessas competições. A partir daí, passaram a ser organizados os primeiros percursos e as primeiras competições de Orientação. O sucesso desses eventos pioneiros foi tal, que serviram de incentivo à continuação daquele desporto.

Já em 1922 tinha lugar o primeiro Campeonato Distrital na Suécia. As primeiras competições eram muito fáceis e os pontos de controle colocados em acidentes do terreno bastante característicos devido, principalmente, à má qualidade das cartas da época.A partir de 1935, com o grande aprimoramento das cartas de orientação, o corredor de longas distâncias, que sempre ganhava essas competições, cedeu seu lugar para um atleta mais completo: o orientador, que coloca a aptidão física a serviço de sua capacidade de orientar-se corretamente, ou seja o uso correto da técnica. Naquele ano surgiu a primeira organização sueca destinada a coordenar a organização do Esporte, tal a difusão atingida naquele país.

Em 1937, teve lugar o primeiro campeonato sueco de Orientação, o que fez com que o governo sueco oficializasse essa atividade, introduzindo-a nos currículos escolares, o que se efetivou em 1942.

Em 1961, foi fundada a Federação Internacional de Orientação (IOF), órgão máximo de regulamentação do Esporte, que em 1964 já possuía onze países filiados.O primeiro campeonato mundial de Orientação foi realizado na Finlândia, em 1966.No Brasil, este Esporte foi introduzido em 1970, com a ida de três observadores ao IV Campeonato do CISM-Conselho Internacional de Esportes Militares, realizado em Alborg na Dinamarca.

Em 1971, o Brasil competiu no V Campeonado do CISM, realizado na Noruega. Nos três anos seguintes, a Comissão de Desportos das Forças Armadas organizou Campeonatos de Orientação das Forças Armadas, conhecido depois como CAMORFA, os dois primeiros no Rio de Janeiro e o terceiro em Brasília. O III CAMORFA revestiu-se de grande importância, pois foi realizado pela primeira com a utilização de Cartas de Orientação, o que veio aprimorar sobremaneira o nível técnico dos competidores.

Atualmente, existem já vários Clubes de Orientação, principalmente nos Estados do centro-sul do País, particularmente Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal. Começam a organizar-se entidades no Amazonas, Mato Grosso do Sul, Ceará e demais Estados do Nordeste. A primeira Federação Estadual criada foi a Federação Gaúcha de Orientação, em 1995.

A maior deficiência, a confecção de mapas de orientação, principal empecilho para o desenvolvimento desse esporte no Brasil, é um obstáculo já superado, tendo em vista o grande número de mapeadores já formados com o aval da CBO, alguns inclusive vivendo do profissionalismo que essa atividade tem proporcionado. Está bastante fácil para um Orientador confeccionar uma carta, mesmo sendo leigo na ciência da Cartografia, aprendendo o trabalho de campo, fazendo uso do computador e dos ‘softwares’ existentes para esse fim.

Convém salientar dois aspectos muito peculiares:

primeiro, a Orientação envolve um grande número de pessoas altamente qualificadas tecnicamente em todos as atividades que envolvem a sua prática: desde a aerofotogrametria, passando pela confecção e atualização da carta até o desenvolvimento técnico do próprio praticante;

segundo, esse é um dos pouquíssimos esportes onde a maioria dos envolvidos, inclusive os dirigentes, estão no campo, praticando, ao invés de estarem sentados numa arquibancada ou em frente a um televisor, passivamente assistindo.

Artigo publicado no site Federação Catarinense de Orientaçãohttp://www.oriesc.org.br/

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